A proposta de distribuição da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de 2022 apresentada pela Dataprev na última mesa de negociação é perversa, pois beneficia os maiores salários, em detrimento da massa de trabalhadores e trabalhadoras que recebem menos.

A diretoria do Sindpd-RJ solicitou ao Dieese-RJ (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) um levantamento cujo resultado é revoltante.

Para se ter uma ideia, com a atual proposta da empresa, os trabalhadores que recebem salários menores ganharão, em média, três vezes menos que aqueles que percebem salários maiores.

Da forma que está apresentada, a proposta atual representa uma perda no valor linear da ordem de aproximadamente R$3.000,00 para aqueles que ganham menos, ou seja, 50% a menos que a distribuição fixa recebida em 2022, porque com 60% de linearidade, cada trabalhador receberia, com base no lucro atual da empresa, cerca de R$6.000,00 fixos + a parcela proporcional. Se a proposta deste ano for aprovada, cada trabalhador receberá aproximadamente cerca de R$3.000,00 fixos + a parcela proporcional, que depende de metas e outros fatores.

Partindo de informações públicas, fornecidas pela própria Dataprev*, o Dieese fez um cálculo, em valores aproximados, nos casos de linearidade maior e menor. Confira:

* A simulação foi realizada considerando as seguintes informações:

Não estamos desmerecendo os trabalhadores que ganham mais por terem mais responsabilidades ou talvez mais conhecimento técnico, mas a valorização pela atividade já é espelhada em seus salários e gratificações. A PLR reflete o lucro da empresa, que é fruto do esforço de todo o corpo funcional.

De qualquer ângulo que se olhe esta proposta, a única conclusão a que se pode chegar é que estamos falando de uma empresa pública que trabalha com política de gestão privada. E mais: não há como deixar de comparar a “nova” gestão da Dataprev com a anterior, indicada por um governo privatista e desmerecedor da classe trabalhadora.

O antigo gestor foi ao SEST, lutou e conseguiu emplacar, no exercício de 2021, a proposta de distribuição linear de 60%. O problema é que a “nova” gestão, indicada por um governo federal progressista, que defende a distribuição de renda e a valorização dos trabalhadores e trabalhadoras, simplesmente achou por bem retroceder e apresentar essa proposta de distribuição na base de 30% linear e 70% proporcional.