Diversidade
O nome é comprido, a lista de motivações, igualmente: conheça um pouco mais sobre a data
Pintura de Félix Vallotton (“Femme noire assise de face”), 1911,óleo sobre tela. Domínio Público
É muito frequente que a palavra “mulheres” se associam, na mente, com um conjunto de mulheres brancas. E que o termo “negros”, ou o tema questão racial, traga à cabeça, de primeira, a imagem somente de pessoas do gênero masculino.
A constância dessa associação indica a importância de uma data para refletir sobre questões específicas de mulheres negras, indígenas, amarelas, de comunidades tradicionais. E, já que estamos no Brasil, na América Latina, faz sentido enfatizar a importância de pensar mulheres em um contexto regional, destacando necessidades latino-americanas e caribenhas.
Na mesma lógica citada na abertura, quando se fala em lideranças quilombolas, talvez lembremos de Zumbi – hoje em dia, felizmente, algumas pessoas recordam de Dandara. Tende a ser pouco conhecido o nome de Tereza de Benguela, apesar da grandeza de sua história, que a leva a ser a homenageada oficial de todo 25 de julho brasileiro, desde 2015.
Tereza viveu durante o século 18 e liderou o Quilombo do Quariterê, localizado na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, no atual estado de Mato Grosso. Sob o comando dela, a comunidade negra e indígena de cerca de uma centena de pessoas resistiu por duas décadas, sucumbindo em 1770 à força de ataque bandeirante.
Marcha pela reparação e bem-viver
A luta de mulheres negras e indígenas continua: por melhores condições de vida, por equiparação de oportunidades, pelo enfrentamento à violência, por reparação histórica. Em 25 de julho de 1992, na República Dominicana, houve um encontro que se tornou histórico, no qual se denunciaram diversos aspectos do racismo e o machismo enfrentado pelas mulheres negras, em uma perspectiva global. A partir das reivindicações, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu esse dia como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha.
Hoje, no Brasil, há programação de diversas marchas, organizadas por coletivos de mulheres da Bahia, Maranhão, Piauí, Pernambuco, São Paulo e Pará, sob o mote “Por reparação e bem viver”. Os coletivos também se preparam para realizar, em julho de 2025, a segunda caminhada nacional até Brasília. A expectativa é que a marcha, que ocorrerá uma década depois da primeira edição, possa reunir um milhão de mulheres negras e indígenas.